Porque é que as marcas estão a apostar novamente?

Bem antes das redes sociais e dos likes… Lembro-me do cheiro do papel e das páginas carregadas de imagens repletas de conceito, lifestyle e histórias. Nada se compara às imagens impressas quando se trata da experiência de visualização. Visitava frequentemente lojas com o propósito de trazer comigo o catálogo da marca e, com isso, algumas vezes, caía na tentação de fazer uma compra.

O catálogo já foi o principal canal de conexão entre as marcas e os consumidores.

O catálogo já foi o principal canal de conexão entre as marcas e os consumidores. Entre os anos 80 e 2010, viveu-se o auge deste formato, representando um dos maiores investimentos de marketing das marcas. Eram investimentos avultados, mas que traziam retorno: geravam desejo, construíam identidade e fidelizavam clientes.

Neste momento, estamos a presenciar a vontade das marcas em voltar com os catálogos

Não me refiro aos catálogos técnicos de produto, esses sempre estiveram presentes na área comercial. Refiro-me às versões em formato de revista, que contavam histórias e serviam de inspiração. Falamos da representação da marca através de imagens, textos e design, onde cada detalhe era cuidadosamente planeado para criar uma experiência única.

Recentemente, a icónica marca americana J.Crew anunciou o regresso dos seus lendários catálogos, tendo como rosto a famosa Demi Moore.

Podem consultar este artigo com a notícia neste link: The J.Crew Paper Catalog Is Back

Foto J,Crew

foto J.Crew

Além da J.Crew, a Zara também surpreendeu ao partilhar no seu Instagram uma versão de catálogo com toda a produção realizada em 2024. Embora tenha sido apenas um mockup digital, a intenção parece ter sido testar a reação dos seus clientes. E o feedback não podia ter sido melhor: nos comentários, ficou claro que muitos consumidores aprovaram a ideia e alguns até demonstraram interesse em pagar para ter um exemplar físico.

Veja a publicação da ZARA AQUI

Espero voltar a sentir o cheiro do papel nas mãos. Vamos aguardar para ver se as marcas vão, de facto, apostar novamente na impressão. Os catálogos representavam muito mais do que simples folhetos publicitários – eram verdadeiras extensões da identidade da marca. O conceito da coleção, o branding, a estética – tudo era cuidadosamente estudado para que os consumidores se inspirassem e se reviam naquele universo.

O digital trouxe-nos conveniência, mas será que a experiência tátil e imersiva dos catálogos impressos poderá regressar? O tempo dirá.